Chegou a virar meme nas redes sociais as reações, quase sempre negativas, do mercado financeiro a cada nova medida especulada pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Nem mesmo as entrevistas dos ministros passavam impunes. Bastava palavra mal interpretada para a bolsa de valores despencar e o dólar subir. Pois a notícia desta quinta-feira (30) foi justamente a reação favorável do dito mercado com a proposta do governo para equilibrar as contas.

As novas regras de controle foram apresentadas pelos Ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento), após cerca de três meses de negociações. O texto define limites para o crescimento das despesas, assim como também estabelece metas de desempenho das contas públicas. A nova regra fiscal vai substituir o teto de gastos e limitará o crescimento da despesa a 70% da variação da receita dos 12 meses anteriores, combinando um limite de despesa mais flexível que o teto de gastos com uma meta de resultado primário.

Em sua fala, Fernando Haddad negou que o governo irá criar novos impostos para cumprir as regras fiscais. "Se, por carga tributária, se entende a criação de tributos ou o aumento de alíquota, não está no nosso horizonte. Não estamos pensando em criar uma CPMF [Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira], nem em onerar a folha de pagamentos."

A reação positiva às regras e aos discursos dos ministros ficou evidente devido ao desempenho do principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo. Ainda na quinta-feira, o Ibovespa passou o dia operando no positivo e finalizou em alta de 1,89%. Outro fator que confirma a tese foi a queda de 0,72% no valor do dólar comercial, que chegou a ser vendido a R$ 5,09 no final do dia.

Memes à parte, as últimas movimentações indicam ao mercado financeiro que o governo federal está realmente empenhado em colocar as contas em ordem. Ainda que dependa da aprovação do Congresso Nacional, a ideia de zerar o déficit e até se pensar em um superávit a médio prazo já teve um retorno positivo. Um passo fundamental para seguir conseguindo reações positivas do mercado.